+Favela -Lixo

A PROPOSTA

Os resíduos sólidos urbanos compõem a lista dos maiores problemas enfrentados nas grandes cidades do Brasil e do mundo. Poucas são as experiências exitosas e efetivas na resolução dessa questão, sobretudo nos países onde a desigualdade social determina rigidamente o lugar das populações trabalhadoras pobres. Nesses territórios o acesso a serviços de coleta e manejo do lixo, quando existente, mostra-se insuficiente ou inadequado. Essa é a situação experienciada no Aglomerado da Serra, maior favela de Belo Horizonte, Minas Gerais, que é, na verdade, composto pela junção de oito favelas. Esse conjunto, a partir da década de 1920, foi se instalando nas áreas de cabeceiras dos córregos do Cardoso e da Serra. Nesse território, até então interditado ao mercado imobiliário formal, se consolidaram espaços autoproduzidos e autogeridos para moradia e trabalho, abrigando população superior a 50 mil habitantes.
Espacialmente, o Aglomerado da Serra, apesar de sua dimensão populacional e de sua localização em uma região com muitos acessos à cidade, não dispõe de um sistema interno que organize o descarte e o manejo ambientalmente corretos dos resíduos, resultando em acúmulo de lixo pelos becos, ruas, praças, ou seja, por toda a favela.
A favela está em grande parte instalada nas porções altas de dois córregos urbanos, é constituída por vias, ruas e becos estreitos, nos quais muitas vezes somente é possível o acesso a pé, sem espaço para grandes lixeiras como as existentes e pensadas para o restante da cidade. Diante dessa realidade, essa proposta visa otimizar as práticas e equipamentos já existentes de várias formas, pensando e adequando-os à realidade local, bem como, pensar, testar e utilizar novas propostas e materiais. É preciso compreender e elaborar possibilidades que trabalhem desde a organização dos pontos de lixo, com ferramentas mais eficazes, bem como a sensibilização, engajamento e educação da população frente ao problema do lixo e de todos os demais por ele ocasionados. A proposta consiste principalmente em pequenas e pontuais transformações que possam ser replicadas e autogeridas pelos moradores e moradoras, que garantam efetividade em curto, médio e longo prazo, que incluam desde crianças a idosos em sua elaboração, implantação e continuidade.
Ainda hoje as mulheres são, majoritariamente, responsáveis pela manutenção das tarefas domésticas, incluindo a limpeza das casas e administração do lixo. A favela é um espaço feminino, com muitas residências compostas por famílias monoparentais, chefiadas sobretudo por mulheres, o que as obriga também a outros trabalhos, formais e informais, que garantam sua subsistência. Frequentemente resta-lhes a noite e os domingos para a limpeza das suas casas e o descarte de resíduos, períodos nos quais não há coleta de lixo na favela. Com o descarte inadequado em vias públicas, até que seja coletado, o lixo costuma ser vasculhado e espalhado por animais ou mesmo pessoas. Chegamos então a uma das questões norteadoras dos nossos estudos: Onde e como esse lixo pode ser acondicionado até seu recolhimento nos horários determinados pela administração pública? Há ainda a dificuldade de locomoção até os locais predeterminados, por vezes demandando caminhadas extensas, por escadas e caminhos íngremes. Pensar nesta problemática dentro da favela é pensar também em ações que facilitem o cotidiano dessas mulheres, mães e trabalhadoras e que contem com sua efetiva participação.
A Escola Municipal Professor Edson Pisani - EMPEPI - vem se posicionando como a principal articuladora dessa proposta, conduzindo a reflexão e sensibilização desde a comunidade escolar para todo o território, alavancando parcerias dentro e fora da favela, inclusive instituições de ensino universitário, projetos sociais e pessoas interessadas em pensar e propor soluções para esse problema.

CONTATO

EMPEPI: Floricena flor.estevam@edu.pbh.gov.br
UFMG: Leta leta123@gmail.com e Tiago tiago@coau.com.br

com a EMPEPI no centro, a imagem apresenta o ciclo de atividade: Primeiro a definição do problema a ser abordado: o lixo na favela. Com ele em mente, são realizadas reuniões de avaliação com os estudantes de arquitetura e os alunos da escola, levantando as ações e a melhorias necessárias. Após, os estudos técnicos são realizados, preparando para a próxima fase: execução dos projetos. Tais são avaliados e o ciclo se reinicia.
Ciclo de atuação do projeto