maquete
O site Águas no Capão foi criado durante o processo da pesquisa de mestrado de Núria Manresa com o apoio das bolsistas de graduação Junia Penido, Clara Moreira e Ana Nery e do projeto de extensão Águas na cidade. O site tem o intuito de compilar dados levantados que viabilizem leituras críticas sobre a bacia, além de disponibilizar materiais didáticos que possibilitem novos estudos para um melhor entendimento das relações dentro da bacia hidrográfica do Capão. A bacia está situada dentro da sub-bacia do Ribeirão da Onça, que por sua vez constitui uma sub-bacia do Rio das Velhas, o maior afluente do rio São Francisco. O Capão faz parte da regional Venda Nova, a doze quilômetros do centro de Belo Horizonte, na fronteira com o município de Santa Luzia. Trata-se da região central do estado de Minas Gerais, que é parte da Mata Atlântica e do Cerrado. Ambos são “hotspots de biodiversidade”, isto é, segundo o ecólogo Norman Myers, biomas que se destacam mundialmente pela concentração excepcional de espécies endêmicas e que, ao mesmo tempo, estão altamente ameaçadas. Ameaçados estão também vários sujeitos da cidade que são cuidadores zelosos desses biomas no meio urbano: ribeirinhos, indígenas, quilombolas, moradores de periferias e de favelas, agricultores urbanos e muitos outros ativistas.




A escolha da bacia do Capão se deu pela relação estabelecida, durante a pandemia de covid-19, com a professora de ensino fundamental Roseli Correia por meio de correspondências promovidas pelo projeto de extensão Córregos Vivos. Roseli além de professora em uma escola da bacia é também a integrante mais antiga do Núcleo Capão, um grupo de ribeirinhos urbanos que desde 2013 está empenhado na reconstrução da mata ciliar do córrego e busca de outra forma de se relacionar com a água em meio urbano. A sua trajetória está detalhada na aba linha do tempo.

As informações encontradas na abas a bacia e mapa interativo foram produzidas a partir da disciplina Águas urbanas na Bacia do Capão: imaginando possibilidades, ministrada pela professora Silke Kapp e pela mestranda Núria Manresa, no primeiro bimestre de 2022/1. Nestas abas são encontrados estudos aprofundados sobre o comportamento das águas na bacia do Córrego Capão e sua inserção socioespacial na região de Venda Nova.

Já a aba moradores humanos e mais que humanos que produzem o espaço na bacia do córrego do Capão. Esta aba está em construção. Inclusive, você pode adicionar informações nela através de formulário.

A aba material didático apresenta uma série de sugestões de ateliês elaborados com base nos objetos do conhecimento estipulados pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e fornecendo ferramentas relacionados com a bacia hidrográfica do Capão. As ferramentas pretendem revelar o comportamento da água na bacia urbanizada e a relação com a vida cotidiana dos moradores humanos e não-humanos neste território ao longo do tempo. O objetivo dos ateliês é que estudantes e professores investiguem o território da bacia desenvolvendo, de forma interdisciplinar e territorializada, as habilidades estipuladas na BNCC. Os ateliês descritos são sugestões de atividades. Será solicitado aos professores que os experimentem e retornem com relatos, recomendações de outras atividades ou adequações. A contribuição dos professores acontecerá num fórum aberto de comentários. As sugestões serão publicadas no site, visando criar um ambiente de discussão entre os docentes, pesquisadores e estudantes. Além dos materiais disponíveis para download como textos, mapas e vídeos, os professores poderão também solicitar via formulário materiais físicos, como a maquete física da bacia hidrográfica e o quebra-cabeça das circunstâncias do Capão a serem emprestados pelo grupo MoM.

Estão ainda em construção a aba histórias com imagens e relatos históricos da ocupação humana da bacia hidrográfica do Capão. E a aba imaginários vividos onde serão exibidas exposições online dos trabalhos artísticos feitos na bacia por artistas internos e externos.

biblioteca

[1985] IVAN ILLICH. H2O and the Waters of Forgetfulness: Reflections on the Historicity of "stuff". Dallas: The Dallas Institute of Humanities and Culture.
POR QUE LER?

[2001] EDÉZIO TEIXEIRA DE CARVALHO. Geologia urbana para todos: uma visão de Belo Horizonte. Belo Horizonte, 2021.
POR QUE LER?

[2004] SILVIA FEDERICI. Calibã e a Bruxa: Mulheres, Corpo e Acumulação primitiva. Trad. Coletivo Sycorax. São Paulo: Elefante, 2017.
POR QUE LER?

[2004] PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Instrução Técnica para Elaboração de Estudos e Projetos de Drenagem Urbana do Município de Belo Horizonte. Belo Horizonte, 2004.
POR QUE LER?

[2009] EDÉZIO TEIXEIRA DE CARVALHO. Manifesto sobre a fundamentação geológica de sistemas de drenagem urbanos. Belo Horizonte, 2009.
POR QUE LER?

[2012] SILVIA FEDERICI. O ponto zero da revolução: Trabalho doméstico, reprodução e luta feminista. Trad. Coletivo Sycorax. São Paulo: Elefante, 2019.
POR QUE LER?

[2013] MARGARETE ARAÚJO SILVA. Água em meio urbano, favelas nas cabeceiras. Tese de doutorado. Or. Silke Kapp. Belo Horizonte: Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Minas Gerais, 2013.
POR QUE LER?

[2015] VINÍCIOS OLIVEIRA. Vulnerabilidade, saúde e ambiente na bacia hidrográfica do córrego Vilarinho, Belo Horizonte. Trabalho de conclusão de cursos apresentado ao curso de graduação em Ciências Socioambientais pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. Belo Horizonte, 2015.
POR QUE LER?

[2017] EDUARDO MANCILHA. Pegando o Rítmo: Uma Experiência Etnográfica Entre os Ciganos Calon do Bairro Céu Azul, Belo Horizonte - MG. Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte: Programa de Pós-Graduação em Antropologia, UFMG, 2017.
POR QUE LER?

[2017] ROSELI SILVA. O Córrego do Capão e os Quintais na Paisagem Cultural de Venda Nova: Para Além dos Muros... Simpósio de Formação e Profissão Docente, 'Trabalho, Meio Ambiente e Compromisso Social'. Departamento de Educação, UFOP, 2017.
POR QUE LER?

[2017] PEDRO PAULO PIMENTA. Uma história natural das cidades. Seminário de Cultura e Realidade Contemporânea. São Paulo: Escola da Cidade.
POR QUE ASSISTIR?

[2017] DEYVID ROSA. Resposta hidrológica de uma bacia hidrográfica urbana à implantação de técnicas compensatórias de drenagem urbana - bacia do córrego do Leitão, Belo Horizonte, Minas Gerais. Dissertação de Mestrado (or. Nilo de Oliveira Nascimento). Belo Horizonte: Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, UFMG, 2017.
POR QUE LER?

[2018] PAULO TAVARES. En las ruinas del bosque. México: Taller de Ediciones Económicas, 2022.
POR QUE LER?

[2019] CRISTIANE PINHEIRO BORDA. Políticas públicas de manejo de águas pluviais em Belo Horizonte: novos caminhos em meio a velhas práticas. Dissertação de Mestrado. Or. Roberto E. dos Santos. Belo Horizonte: Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Minas Gerais, 2019.
POR QUE LER?

[2019] PAULO TAVARES. Sobre as ruínas da floresta. São Paulo: exposição "Resistir, reexistir", 2017.
POR QUE LER?

[2020] CECILIA P. HERZOG e CARMEN ANTUÑA ROZADO. Diálogo Setorial UE-Brasil sobre soluções baseadas na natureza: Contribuição para um roteiro brasileiro de soluções baseadas na natureza para cidades resilientes. Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia, 2020.
POR QUE LER?

[2021] GABRIELA PINHO. Centralidade para além do capital? Uma discussão acerca dos conceitos de território e identidade em Venda Nova, Belo Horizonte. Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial à obtenção de título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo. Belo Horizonte, 2021.
POR QUE LER?

sites

SITE NARRAR É RESISTIR. O projeto “Narrar é Resistir” foi idealizado pelo coletivo “Orla”, uma articulação entre movimentos que atuam na região de Venda Nova/BH, que visam sensibilizar, integrar e mobilizar comunidades ribeirinhas a fim de potencializar o debate e ações que promovam saúde pública, qualidade de vida, pertencimento, consciência ambiental e valorização cultural.
POR QUE VISITAR?

SITE CÓRREGOS VIVOS
POR QUE VISITAR?

SITE SOLUÇÕES BASEADAS NA NATUREZA. Grupo de integração à pesquisa da Universidade de São Paulo.
POR QUE VISITAR?

SITE FERAL ATLAS
POR QUE VISITAR?

SITE ATLAS DA BIODIVERSIDADE DE BARCELONA
POR QUE VISITAR?

SITE MOVING ECOLOGIES – PAVILHÃO DO CHILE NA BIENAL DE ARQUITETURA DE 2023
POR QUE VISITAR?

SITE ATLAS DO CHÃO
POR QUE VISITAR?

SITE LA ESCUELA
POR QUE VISITAR?

filmes

ASONG TO SANA IN (BECOMING) SEA. Catalina Mejía Moreno.
POR QUE ASSISTIR?

ENTRE RIOS ― A URBANIZAÇÃO DE SÃO PAULO. Caio Silva Ferraz, Joana Scarpelini e Luana de Abreu.
POR QUE ASSISTIR?

AS ÁGUAS QUE BROTAM DO CERRADO. Instituto Altair Sales (IAS).
POR QUE ASSISTIR?

DOCUMENTÁRIO RIOS URBANOS. Ricardo Gomes e Instituto Mar Urbano.
POR QUE ASSISTIR?

POR QUE O CERRADO É A TAMPA DA CAIXA D'ÁGUA? Rede Araticum, Semeia Cerrado e Marina Guimarães Freitas.
POR QUE ASSISTIR?

CAIXA D'ÁGUA DO BRASIL ― AÇÕES PARA SALVAR NOSSAS ÁGUAS. TV Cultura e a CenaUm.
POR QUE ASSISTIR?

UMA HISTÓRIA REAL DAS CIDADES. Pedro Paulo Tavares.
POR QUE ASSISTIR?


H2O and the Waters of Forgetfulness: Reflections on the Historicity of "stuff". Dallas: The Dallas Institute of Humanities and Culture.

 Ivan Illich

Ao longo deste brilhante ensaio, o autor traça a forma como a água foi despojada de suas associações míticas e reduzida a um fluido de limpeza urbana. As histórias da medicina, da arte, da mitologia, da arquitetura, da tecnologia e das concepções da vida após a morte entram em jogo à medida que o papel mutável da água em nossas vidas é revelado.



Geologia Urbana para Todos - Uma Visão de Belo Horizonte

 Edézio Teixeira de Carvalho

Nesse livro, o professor Edésio faz uma minuciosa descrição sobre os tipos de solo. Conhecer os solos das bacias é importante, já que sua composição interfere diretamente na capacidade de absorção de água.



Calibã e a Bruxa - Mulheres, corpos e acumulação primitiva.

 Silvia Federici

As acadêmicas feministas desenvolveram um esquema interpretativo que lança bastante luz sobre duas questões históricas muito importantes: como explicar a execução de centenas de milhares de "bruxas" no começo da Era Moderna, e por que o surgimento do capitalismo coincide com essa guerra contra as mulheres. Segundo esse esquema, a caça às bruxas buscou destruir o controle que as mulheres haviam exercido sobre sua própria função reprodutiva, e preparou o terreno para o desenvolvimento de um regime patriarcal mais opressor. Essa interpretação também defende que a caça às bruxas tinha raízes nas transformações sociais que acompanharam o surgimento do capitalismo. No entanto, as circunstâncias históricas específicas em que a perseguição às bruxas se desenvolveu ― e as razões pelas quais o surgimento do capitalismo exigiu um ataque genocida contra as mulheres ― ainda não tinham sido investigadas. Essa é a tarefa que empreendo em Calibã e a bruxa, começando pela análise da caça às bruxas no contexto das crises demográfica e econômica europeias dos séculos XVI e XVII e das políticas de terra e trabalho da época mercantilista. Meu esforço aqui é apenas um esboço da pesquisa que seria necessária para esclarecer as conexões mencionadas e, especialmente, a relação entre a caça às bruxas e o desenvolvimento contemporâneo de uma nova divisão sexual do trabalho que confinou as mulheres ao trabalho reprodutivo. No entanto, convém demonstrar que a perseguição às bruxas ― assim como o tráfico de escravos e os cercamentos ― constituiu um aspecto central da acumulação e da formação do proletariado moderno, tanto na Europa como no Novo Mundo.



Instrução Técnica para Elaboração de Estudos e Projetos de Drenagem Urbana do Município de Belo Horizonte

 Prefeitura de Belo Horizonte

Manuais de drenagem urbana elaborados pela prefeitura no ano de 2022.



O ponto zero da revolução - Trabalho doméstico, reprodução e luta feminista.

 Silvia Federici

Nas palavras de Silvia Federici, o “ponto zero” é tanto um lugar de perda completa quanto de possibilidades, pois só quando todas posses e ilusões foram perdidas é que somos levados a encontrar, inventar, lutar por novas formas de vida e reprodução. Neste livro, a autora de Calibã e a bruxa reconstrói os caminhos do feminismo anticapitalista e anticolonialista ― e sua própria trajetória como intelectual engajada ―, desde os primeiros anos das mobilizações por salários para o trabalho doméstico, na década de 1970, até a batalha pelos “comuns”, reabilitada pelos movimentos sociais na virada do século. Como fio condutor destes quarenta anos de militância, surge a constatação, reiterada em diferentes momentos da história, do quanto o capitalismo necessita do trabalho não remunerado das mulheres para acumular valor e continuar existindo ― à custa da natureza e das comunidades. Eu hesitei por algum tempo em publicar um volume de ensaios voltado exclusivamente para a questão da “reprodução”, já que me parecia artificialmente abstrato separá-la dos variados temas e lutas aos quais tenho dedicado meu trabalho ao longo de tantos anos. Há, no entanto, uma lógica por trás do conjunto de textos nesta coletânea: a questão da reprodução, compreendida como o complexo de atividades e relações por meio das quais nossa vida e nosso trabalho são reconstituídos diariamente, tem sido o fio condutor dos meus escritos e ativismo político. A confrontação com o “trabalho reprodutivo entendido, primeiramente, como trabalho doméstico ― foi o fator determinante para muitas mulheres da minha geração, que cresceram após a Segunda Guerra Mundial. Depois de dois conflitos mundiais que, no intervalo de três décadas, dizimaram mais de 70 milhões de pessoas, os atrativos da domesticidade e a perspectiva de nos sacrificarmos para produzir mais trabalhadores e soldados para o Estado não faziam mais parte do nosso imaginário. Na verdade, mais do que a experiência de autoconfiança concedida pela guerra a muitas mulheres ― simbolizada nos Estados Unidos pela imagem icônica de Rosie the Riveter [Rosie, a rebitadeira] ―, o que moldou nossa relação com a reprodução no pós-guerra, sobretudo na Europa, foi a memória da carnificina na qual nascemos. Este capítulo da história do movimento feminista internacional ainda precisa ser escrito. No entanto, ao recordar-me das visitas que fiz com a escola, ainda criança na Itália, às exposições nos campos de concentração, ou das conversas na mesa de jantar sobre a quantidade de vezes que escapamos de morrer bombardeados, correndo no meio da noite à procura de abrigo sob um céu em chamas, não posso deixar de me questionar sobre o quanto essas experiências pesaram para que eu e outras mulheres decidíssemos não ter filhos nem nos tornar donas de casa. […] Atualmente, sobretudo entre mulheres mais jovens, essa problemática pode parecer ultrapassada, porque elas têm uma possibilidade maior de escapar desse trabalho quando são mais novas. Inclusive, em comparação com a minha geração, as jovens mulheres de hoje têm maior autonomia e independência com relação aos homens. No entanto, o trabalho doméstico não desapareceu, e sua desvalorização, financeira e de outros tipos, continua a ser um problema para muitas de nós, seja ele remunerado ou não. Ademais, depois de quatro décadas com as mulheres trabalhando fora de casa em regime de tempo integral, não se pode sustentar o pressuposto das feministas da década de 1970 de que o trabalho assalariado seria um caminho para a “libertação”.



O ponto zero da revolução - Trabalho doméstico, reprodução e luta feminista.

 Silvia Federici

Nas palavras de Silvia Federici, o “ponto zero” é tanto um lugar de perda completa quanto de possibilidades, pois só quando todas posses e ilusões foram perdidas é que somos levados a encontrar, inventar, lutar por novas formas de vida e reprodução. Neste livro, a autora de Calibã e a bruxa reconstrói os caminhos do feminismo anticapitalista e anticolonialista ― e sua própria trajetória como intelectual engajada ―, desde os primeiros anos das mobilizações por salários para o trabalho doméstico, na década de 1970, até a batalha pelos “comuns”, reabilitada pelos movimentos sociais na virada do século. Como fio condutor destes quarenta anos de militância, surge a constatação, reiterada em diferentes momentos da história, do quanto o capitalismo necessita do trabalho não remunerado das mulheres para acumular valor e continuar existindo ― à custa da natureza e das comunidades. Eu hesitei por algum tempo em publicar um volume de ensaios voltado exclusivamente para a questão da “reprodução”, já que me parecia artificialmente abstrato separá-la dos variados temas e lutas aos quais tenho dedicado meu trabalho ao longo de tantos anos. Há, no entanto, uma lógica por trás do conjunto de textos nesta coletânea: a questão da reprodução, compreendida como o complexo de atividades e relações por meio das quais nossa vida e nosso trabalho são reconstituídos diariamente, tem sido o fio condutor dos meus escritos e ativismo político. A confrontação com o “trabalho reprodutivo entendido, primeiramente, como trabalho doméstico ― foi o fator determinante para muitas mulheres da minha geração, que cresceram após a Segunda Guerra Mundial. Depois de dois conflitos mundiais que, no intervalo de três décadas, dizimaram mais de 70 milhões de pessoas, os atrativos da domesticidade e a perspectiva de nos sacrificarmos para produzir mais trabalhadores e soldados para o Estado não faziam mais parte do nosso imaginário. Na verdade, mais do que a experiência de autoconfiança concedida pela guerra a muitas mulheres ― simbolizada nos Estados Unidos pela imagem icônica de Rosie the Riveter [Rosie, a rebitadeira] ―, o que moldou nossa relação com a reprodução no pós-guerra, sobretudo na Europa, foi a memória da carnificina na qual nascemos. Este capítulo da história do movimento feminista internacional ainda precisa ser escrito. No entanto, ao recordar-me das visitas que fiz com a escola, ainda criança na Itália, às exposições nos campos de concentração, ou das conversas na mesa de jantar sobre a quantidade de vezes que escapamos de morrer bombardeados, correndo no meio da noite à procura de abrigo sob um céu em chamas, não posso deixar de me questionar sobre o quanto essas experiências pesaram para que eu e outras mulheres decidíssemos não ter filhos nem nos tornar donas de casa. […] Atualmente, sobretudo entre mulheres mais jovens, essa problemática pode parecer ultrapassada, porque elas têm uma possibilidade maior de escapar desse trabalho quando são mais novas. Inclusive, em comparação com a minha geração, as jovens mulheres de hoje têm maior autonomia e independência com relação aos homens. No entanto, o trabalho doméstico não desapareceu, e sua desvalorização, financeira e de outros tipos, continua a ser um problema para muitas de nós, seja ele remunerado ou não. Ademais, depois de quatro décadas com as mulheres trabalhando fora de casa em regime de tempo integral, não se pode sustentar o pressuposto das feministas da década de 1970 de que o trabalho assalariado seria um caminho para a “libertação”.



Água em meio urbano, favelas nas cabeceiras

 Margarete Maria de Araujo Silva

A atual crise socioambiental das cidades brasileiras inclui dois fatores historicamente negligenciados, que apenas recentemente ganharam alguma prioridade nas políticas públicas: as favelas e as águas urbanas. Esta tese discute a relação dialética entre tais fatores naeconomia política das cidades, tomando por contexto empírico a cidade de Belo Horizonte e, mais especificamente, a bacia hidrográfica do ribeirão Arrudas. O mapeamento da dinâmica das favelas nesse território evidencia sua relação com os cursos dágua: elas se instalam, a princípio, nos fundos de vales e, paulatinamente, se deslocam em direção às cabeceiras, sempre conduzidas pelas oportunidades de sobrevivência que o trânsito entre espaços urbanizados e não urbanizados oferece. Partindo de uma matriz teórico crítica, o capítulo inicial discute o ideal de dominação da natureza característico da racionalidade tecnocientífica moderna, que tem acentuado cada vez mais a alienação dos homens entre si, em relação às suas atividades produtivas e em relação à natureza interna e externa. Analisam-se então algumas consequências dessa lógica na gestão das águas urbana em Belo Horizonte ao longo do século XX, abordando também suas omissões, isto é, espaços que até então não haviam sido diretamente afetados por essa gestão e que quase sempre coincidem com as favelas. Os capítulos seguintes têm por objetivo compreender o desenvolvimento das favelas de Belo Horizonte a partir da crítica formulada por Marx e de seu corolário na economia política daurbanização. Sob a ótica da produção social do espaço urbano no capitalismo, analisam-se os processos de conformação das favelas e da cidade formal no território, e suas imbricações e interdependências. Busca-se compreender as contradições que primeiro criaram as favelas e agora engendram vultuosas obras públicas nas favelas, alardeadas como medidas de recuperação social e ambiental. Finalmente, discutem-se políticas públicas em curso que, embora tenham metas distintas, vêm ambas atingindo as favelas de Belo Horizonte: os programas municipais Vila Viva e Drenurbs. Em contraposição a esses programas, propõe-se um processo de recuperação socioambientalurbana a partir de microunidades territoriais autônomas. Esse processo, designado pela expressão urbanização reversa, deixa entrever alguma possibilidade de reconciliação do homem com a natureza nas cidades, mesmo que elas ainda sejam parte de uma ordem social heterônoma.



Vulnerabilidade, saúde e ambiente na bacia hidrográfica do córrego Vilarinho, Belo Horizonte.

 Vinícius Junior de Oiveira

O objetivo deste estudo é relacionar a distribuição espacial do Índice de Vulnerabilidade da Saúde (IVS) de 2012 com a proximidade de cursos d’água na bacia hidrográfica do córrego Vilarinho, região de Venda Nova, município de Belo Horizonte. A hipótese é de que os locais mais vulneráveis são aqueles mais próximos aos cursos d’água. O IVS fo criado pela Secretaria Municipal de Saúde em 1998, e atualizado em 2003 e 2012, sendo o resultado de uma junção entre indicadores socioeconômicos e de saneamento. Os dados foram utilizados nos setores censitários referentes ao Censo Demográfico do IBGE de 2010. A metodologia utilizada no IVS foi reproduzida neste estudo, porém em uma escala espacial menor, que abrangeu a bacia hidrográfica do córrego Vilarinho. O resultado da distribuição espacial da vulnerabilidade da saúde foi sobreposto aos cursos d’água existentes, por meio de Sistemas de Informações Geográficas. As analises demonstraram que a renda média da população que vive nas áreas mais vulneráveis é de R$ 675,05, e em média, 72% dessa população é negra. Percebeu-se o estabelecimento de um ciclo perverso onde a população pobre fica suprimida nas áreas de risco próximas aos córregos, se tornando vulneráveis a contrair doenças. Com a falta de saneamento, a população vulnerável ameaça a preservação dos córregos e os córregos poluídos colocam em risco a saúde dessa população. Para que essa situação mude é fundamental que haja investimentos maciços em habitações de baixa renda e infraestrutura urbana nas periferias, com prioridade para o saneamento básico.



Pegando o Rítmo: Uma Experiência Etnográfica Entre os Ciganos Calon do Bairro Céu Azul, Belo Horizonte - MG.

 Eduardo Costa de Mancilha

O presente trabalho possuiu dois eixos centrais de análise: o primeiro fomentou discussões relativas aos processos de socialização vivenciados pelos ciganos calons do Céu Azul (Belo Horizonte), e o segundo refletiu acerca da atuação antropológica no contexto específico de regularização fundiária envolvendo esses calons. Os temas desenvolvidos surgiram a partir de um trabalho de campo junto à comunidade que foi realizado durante cerca de nove meses. Durante esse período, pude constatar uma agregação criativa de diferentes agentes não ciganos envolvidos na regularização fundiária pelos calons, e através de um entendimento particular desse processo (a preocupação com a manutenção de acordos históricos firmados com não ciganos e a sua fama de ciganos pacíficos dentro do bairro) ficou nítida a possibilidade de outra interpretação das relações entre ciganos e agentes estatais nesse processo. Concomitantemente, consegui levantar uma discussão sobre um processo específico de socialização entre aqueles calons, denominado por eles enquanto “Pegando o Ritmo”. Através da análise desse conceito, busquei visibilizar algumas situações cotidianas onde foram acionados valores morais, saberes singulares e experiências compartilhadas pelo grupo como marcadores de distinção ou aproximação dos não ciganos.



O Córrego do Capão e os Quintais na Paisagem Cultural de Venda Nova: Para Além dos Muros...

 Roseli Correia da Silva

Este artigo, além de utilizar a história local como recurso didático, valorizando a história do Córrego do Capão, a partir de conceitos como bacia hidrográfica e lugar, na sua complexa relação com o meio ambiente, também visa difundir saberes e práticas da memória e do saber cuidar, propiciando a formação de identidades plurais, fundadas na valorização da diversidade étnico cultural e em práticas de sustentabilidade, no sentimento de pertencimento e no compromisso social. Em diálogo com a pesquisa “Educar pela Cidade: Patrimônio cultural e ambiental de Venda Nova” (UEMG), esta proposta tem por objetivo apresentar estratégias voltadas para a Educação Patrimonial, sob a perspectiva da Educação Ambiental como forma de desenvolver habilidades voltadas para a formação da consciência cidadã, a partir do conceito de paisagem cultural. Ademais de potencializar os usos das hortas e dos quintais como fontes de conhecimentos e aprendizagens relacionadas aos saberes tradicionais e, em especial, ao saber cuidar e ao direito a uma cidade mais sustentável.



Uma história natural das cidades.

 Pedro Paulo Pimenta

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Resposta hidrológica de uma bacia hidrográfica urbana à implantação de técnicas compensatórias de drenagem urbana - bacia do córrego do Leitão, Belo Horizonte, Minas Gerais.

 Deyvid Wavel Barreto Rosa

A intensa urbanização resulta na maior impermeabilização do solo e no consequente aumento do escoamento superficial, contribuindo para o aumento do potencial de ocorrência de inundações. Quando altas taxas de impermeabilização e altas declividades são observadas em bacias pouco extensas, na ocorrência de precipitações de grande volume e curto período de duração, há grande probabilidade de formação de enxurradas. Na bacia do córrego do Leitão, eventualmente esses fatores se combinam, ocasionando enxurradas e inundações desde o início de sua ocupação, o que motivou a construção de uma bacia de detenção que amortece parte das cheias. Este estudo avalia a resposta hidrológica da bacia hidrográfica a eventos chuva-vazão nas seguintes situações: cenário atual; sem a bacia de detenção; com máxima impermeabilização permitida pela legislação; e com implantação de infraestruturas verdes em 100%, 50% e 10% da área impermeável da bacia. A modelagem hidrológica foi realizada por meio do software Storm Water Management Model (SWMM) 5.1 e a hidráulica pelo HEC-RAS. Para a construção dos cenários foram obtidas precisas bases cartográficas e topográficas da bacia, aplicadas ferramentas de geoprocessamento e calculadas as características hidrológicas. A precipitação foi representada através dos dados de três estações pluviométricas localizadas na bacia. Seis estações linimétricas instaladas ao longo do curso do córrego forneceram os dados utilizados na calibração e validação dos parâmetros do modelo hidrológico. Foram selecionados sete eventos para a calibração e 13 eventos para a validação. As funções objetivo alcançaram resultados satisfatórios: a média do coeficiente de Nash-Sutcliffe foi de 0,72, do erro percentual da vazão de pico de 11% e do erro percentual do volume escoado de 12%. Precipitações de projeto de tempos de retorno de 2, 10, 50 e 100 anos, com a duração crítica de 60 minutos foram simuladas para cada cenário, bem como dois eventos selecionados dentre os observados. Para o cenário sem a bacia de detenção, foi observada uma elevação média da vazão de pico da ordem de 70% no trecho ao longo da Avenida Prudente de Morais, enquanto no exutório o aumento foi de 10%. No cenário de máxima impermeabilização, a vazão de pico no exutório sofreu elevação média de 30%. Já nos cenários de implantação das infraestruturas verdes em 100%, 50% e 10% das áreas disponíveis, a vazão de pico foi reduzida, em média, em 60%, 30% e 5%, respectivamente. Os resultados evidenciam a eficiência da bacia de detenção no amortecimento de cheias, a importância da preservação dos remanescentes de áreas verdes na bacia para a redução da vazão de pico, bem como as potencialidades da bacia para implantação de infraestruturas verdes e os benefícios hidrológicos que estas podem promover, de aumento da infiltração e redução do escoamento superficial.



En las ruinas del bosque.

 Paulo Tavares

"Como uma grande diversidade de exemplos em todo o continente percebe, a relação com o não-humano nem sempre é marcada pelo olhar instrumental que considera a natureza como um recurso. Além do horizonte monocultural árido do agronegócio, existem outras formas de produção da natureza que não se baseiam na lógica extrativista da ecologia mundial capitalista. Isso é explicado, por exemplo, pelo manejo de jardins florestais maias ou pelos sistemas agroflorestais tradicionais da Sierra Norte de Puebla, no México. O mesmo acontece com o manejo em larga escala na Amazônia, reconhecida como uma floresta de origem antrópica coproduzida pelos diversos povos que habitam seu território há séculos. Neste ensaio, Paulo Tavares (@pauloxtavares) parte das evidências materiais reveladas na selva pela violenta expansão da fronteira agrícola durante a ditadura militar no Brasil nos anos setenta. Estes traços permitem-nos repensar a história dos conjuntos humanos e a sua relação com o ambiente. O percurso traçado por Tavares lê a gestão florestal como um processo de conceção e estende-nos questões urgentes no presente. O que é uma cidade? O que é uma floresta? Podemos co-projetá-los com outros não-humanos, colocando a reprodução de toda a vida no centro?"



Políticas públicas de manejo de águas pluviais em Belo Horizonte: novos caminhos em meio a velhas práticas

 Cristiane Pinheiro Borda

"Na segunda metade do século XX, uma ampla contestação do modelo de urbanização adotado a partir de meados do século XIX pela sociedade moderna surgiu no bojo do movimento ambientalista. Nesse contexto, um novo paradigma para o manejo de águas pluviais urbanas começou a ser formulado nos países desenvolvidos, visando mitigar os impactos gerados pelas cidades sobre o ciclo hidrológico terrestre, por meio de uma abordagem integrada da bacia hidrográfica, unidade fundamental de análise e projeto, das políticas setoriais, do meio ambiente construído e dos atores urbanos. Esta pesquisa visou identificar os desafios para a implementação desse paradigma emergente na contemporaneidade referente à gestão das águas pluviais urbanas no contexto brasileiro. Apesar do discurso ambiental de valorização das águas urbanas estar bastante difundido no país, as obras seguem orientadas majoritariamente pelo conceito tradicional de drenagem urbana, baseado no viés higienista de canalização dos cursos de água e de evacuação rápida das águas pluviais. Discutiu-se a incorporação de conceitos fundamentais da hidrologia no campo do planejamento e gestão urbanos, a partir de uma visão crítica do desenvolvimento sustentável e da integração entre cidade e natureza. Uma análise da experiência recente de Belo Horizonte, cidade que nos últimos 20 anos desenvolveu políticas públicas para mitigar os impactos da urbanização sobre o ciclo hidrológico, embora ainda muito restritas, foi realizada. Diversos instrumentos legais e arranjos institucionais, bem como planos, programas, projetos e obras foram levantados e relacionados para compor o panorama dessas políticas públicas e indicar as possibilidades que lançam para diretrizes futuras de intervenção nesse campo. A estratégia de pesquisa combinou os métodos estudo de caso, histórico-interpretativo e qualitativo. Os dados foram coletados por meio de consulta a documentos, participação em eventos, visita a obras públicas e entrevistas com atores-chaves."



Sobre as ruínas da floresta.

 Paulo Tavares

O arquiteto Paulo Tavares fala sobre as ruínas da floresta e do cerrado brasileiros, pesquisadas por arqueólogos desde os anos 80 do século passado. Essas descobertas colocam em xeque ideias preconcebidas de cidade, civilização e urbanismo, usadas para legitimar a dominação das potências europeias em certas regiões da América do Sul, pois revelam a existência de poleis ameríndias destruídas pela invasão colonial. A entrevista fez parte da pesquisa para a exposição "Resistir, reexistir" (Galpão VB, São Paulo, 2017). Saiba mais: http://videobrasil.org.br/resistir



Diálogo Setorial UE-Brasil sobre soluções baseadas na natureza: Contribuição para um roteiro brasileiro de soluções baseadas na natureza para cidades resilientes

  Cecilia P. Herzog e Carmen Antuña Rozado

Prefácio do livro, escrito por John Bell (Diretor: Comissão Europeia, Direção-Geral da Investigação e da Inovação, Direção C — Planeta Saudável):

Perante desafios sem precedentes, as soluções surgem frequentemente do diálogo e da aprendizagem mútua. É o que acontece com a União Europeia e o Brasil, duas regiões que apresentam contextos socioeconómicos e ambientais distintos, mas que enfrentam desafios globais como as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e uma urbanização insustentável.
Tanto o IPCC como o IPBES, ambos painéis intergovernamentais da ONU, concluem que as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade são ameaças indissociáveis para a humanidade e devem ser combatidas conjuntamente. As soluções baseadas na natureza (SBN) surgem como a ferramenta mais promissora para alcançar os objetivos das três convenções do Rio e da Agenda 2030 para um Desenvolvimento Sustentável, de forma integrada, aproximando a natureza das pessoas.
Há quatro anos, iniciámos um diálogo com o Brasil em que as SBN foram escolhidas como o tema que poderia beneficiar de uma sinergia transatlântica de ideias. Mais tarde, um acordo bilateral sobre ciência e tecnologia celebrado entre a UE e o Brasil confirmou a importância da colaboração em domínios estratégicos importantes como a urbanização sustentável e as SBN.
Durante o diálogo, organizado pelo Ministério brasileiro da Ciência, da Tecnologia, da Inovação e das Comunicações, peritos brasileiros e europeus colaboraram para estudar a ocorrência e o potencial das SBN no Brasil. Destacaram as boas práticas na UE para uma possível adaptação ao contexto brasileiro e contribuíram para a elaboração de uma estratégia de SBN no Brasil. Com o apoio da Delegação da UE, realizou-se um seminário internacional em Brasília em julho de 2018. Pela primeira vez, as principais partes interessadas brasileiras envolvidas nas SBN reuniram-se com peritos europeus e projetos de investigação e inovação financiados pela UE. Sendo importantes para a execução destas soluções, os Ministérios brasileiros das Cidades, do Ambiente e do Planejamento também participaram no evento.
Os peritos europeus e brasileiros criaram um acervo de conhecimentos que mostrou de forma convincente que a natureza pode ser uma solução para os desafios sociais, ambientais e econômicos. No presente relatório, é possível encontrar 25 estudos de caso oriundos dos dois lados do Atlântico que ilustram a forma como a natureza pode ter um impacto positivo na vida das pessoas. Os estudos de caso brasileiros abrangem todas as regiões do Brasil e os biomas mais ameaçados do país (a Mata Atlântica, o Cerrado e a Amazônia). Os exemplos escolhidos dão resposta a muitos desafios: desde a gestão dos recursos hídricos à recuperação de ecossistemas, passando pelo efeito ilha de calor urbano, pelas inundações, pelos deslizamentos de terra ou pela erosão do litoral. Estes exemplos mostram assim como a gigantesca biodiversidade do Brasil pode ser a solução para uma série de problemas e servir de inspiração para todos nós.
Uma das principais conclusões do presente relatório é que as SBN, para além de serem opções de investimento inteligentes, são também uma forma de melhorar a qualidade de vida e uma oportunidade para transitar para uma nova economia e um novo estilo de vida — mais ligados à natureza. A biodiversidade não é um problema, é uma solução! A UE está determinada em apoiar investigação e inovação que permita a transição para uma sociedade mais justa dentro dos limites das fronteiras planetárias. O Brasil é um parceiro importante neste projeto, uma vez que é um país crucial para qualquer cenário futuro do ambiente mundial. Ao combinar o trabalho pioneiro da UE com a experiência brasileira, o diálogo setorial entre UE e Brasil sobre SBN forneceu perspectivas importantes sobre como desbloquear o potencial das SBN. Pode também servir de inspiração aos países da região latino-americana mais alargada e a outros países que enfrentam desafios semelhantes em África e na Ásia.
A UE, continuando a financiar investigação e inovação aberta à cooperação internacional, espera ter aberto caminho com este diálogo para futuras colaborações sobre SBN, biodiversidade e serviços ecossistêmicos para acelerar e apoiar a transição para um planeta saudável e sustentável dentro das fronteiras que partilhamos neste planeta.



Centralidade para além do capital? Uma discussão acerca dos conceitos de território e identidade em Venda Nova, Belo Horizonte.

 Gabriela de Faria Pinho

Nesta dissertação, o olhar para o urbano se constrói a partir de uma perspectiva lefebvreana do território como obra e produto, e, se a metrópole é ponto de partida, a centralidade urbana é o objeto em que se pretende aprofundar. A partir de um estudo de caso de abordagem descritiva e qualitativa acerca do território de Venda Nova, tratando ora da centralidade, ora da região como um todo, entende-se que a alternância entre escalas se dá pela impossibilidade de discutir a centralidade desvinculada de sua própria periferia. Assim, tendo como pressuposto a existência de centralidadestanto como território funcional, pautado pelo modo de produção do capital, pelo valor de troca e pela troca, existindo como produto, quanto como território simbólico, marcado pela apropriação, pelo valor de uso e pelo uso, resistindo como obra, buscou-se responder à seguinte pergunta: Há, na centralidade de Venda Nova, manifestações e apropriações que se expandem para além do valor de troca, ou seja, para além do capital, em direção ao valor de uso? Tem-se como hipótese que a centralidade de Venda Nova seria protagonista na construção de um território simbólico, conformado para além do capital, através de apropriações pautadas pelo valor de uso por meio da construção de uma identidade territorial. No entanto, essa hipótese não se confirmou. A investigação demonstrou que a centralidade perdeu seu papel na construção de um território simbólico. Ao mesmo tempo, esse território é construído em outros espaços e de outras formas para além da centralidade, mais especificamente na sua periferia e através da existência de identidades territoriais múltiplas construídas por meio de movimentos urbanos. Nesse sentido, a discussão se expande pela noção de territorialização e construção de identidades territoriais conceituadas por Haesbaert e Castells, com o objetivo de investigar mais detidamente a centralidade vendanovense e compreender a sua atual conformação, os processos que nela ocorrem, que tipo de centralidade geram e o rebatimento desses em sua periferia.



Narrar é Resistir - Adiar o fim do mundo é sempre poder contar mais uma história. - Ailton Krenak

 Coletivo "ORLA"

É uma coletânea online de narrativas ribeirinhas. A narrativa é uma forma milenar de resistência, tendo o poder de resgatar memórias individuais e coletivas, afirmar pertencimentos, conectar pessoas e criar presença em tempos de ausência. A cada episódio, descobriremos os caminhos, cenários e personagens do Rio das Velhas e seus afluentes, guiados pelas histórias contadas pelos seus moradores. O projeto “Narrar é Resistir” foi idealizado pelo coletivo “Orla”, uma articulação entre movimentos que atuam na região de Venda Nova/BH, que visam sensibilizar, integrar e mobilizar comunidades ribeirinhas a fim de potencializar o debate e ações que promovam saúde pública, qualidade de vida, pertencimento, consciência ambiental e valorização cultural.



Córregos Vivos

É um laboratório de investigação, experimentação, debate e proposição, na região da Bacia do Cercadinho, produzindo propostas que friccionem o imaginário, articulando espaços e populações. Seis grupos de trabalho foram formados a partir de temáticas que relacionam as águas com o contexto vivo: histórias locais, nascentes e matas, jardins viventes, morar na bacia, economia dos afetos e pinturas de territórios. As propostas foram desenvolvidas durante o isolamento social e tornadas públicas nesta plataforma virtual. A 1ª Mostra Córregos Vivos consta das proposições, debates, seminário, catálogo e materiais pedagógicos.



Grupo de Interação à Pesquisa em Soluções baseadas na Natureza (GIP-SbN)

 Universidade de São Paulo (USP)

O Grupo de Interação à Pesquisa em Soluções baseadas na Natureza (GIP-SbN) é organizado por alunos de pós-graduação e professores da Universidade de São Paulo (USP) com o objetivo a disseminação e intercâmbio na produção de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico em Soluções baseadas na Natureza (SbN).



FERAL ATLAS - The More-Than-Human Anthropocene

 Anna L. Tsing, Jennifer Deger, Alder Keleman Saxena and Feifei Zhou

Feral Atlas convida você a explorar os mundos ecológicos criados quando entidades não humanas que se envolvem em projetos de infraestrutura humana. Setenta e nove relatórios de campo de cientistas, humanistas e artistas mostram como reconhecer ecologias “selvagens”, ou seja, ecologias que foram incentivadas por infraestruturas construídas pelo homem, mas que se desenvolveram e se espalharam além do controle humano. Esses efeitos de infraestrutura, segundo Feral Atlas, são o Antropoceno. Brincalhão, político e insistentemente sintonizado com histórias mais do que humanas, Feral Atlas faz mais do que catalogar locais de ruína imperial e industrial. Estendendo noções convencionais de mapas e mapeamento, ele se baseia no potencial relacional do digital para oferecer novas formas de analisar – e apreender – o Antropoceno; embora reconheça o perigo, demonstra como a observação 'in situ' e a colaboração transdisciplinar podem cultivar formas vitais de reconhecimento e resposta aos urgentes desafios ambientais de nossos tempos.



A song to Sana in (becoming) sea

 Catalina Mejia Moreno

“'A song to Sana in (becoming) sea' é uma carta de amor ao meu filho ainda não nascido. Como uma peça que trabalha através do luto, ela reconhece que ele, como encarnação, faz parte de um processo de acumulações, bem como de um processo de tecer e sintonizar-se com múltiplos seres humanos e não humanos e corpos de água. Inspirando-se no microquimerismo, ou seja, o destino das células viajantes da mãe para o filho, sugere pensar nas políticas citacionais como algo incorporado e aquoso. Essa peça é construída por sete citações que se debruçam sobre o 'tornar-se corpos de água' de Astrida Neimanis. Ela fala sobre a multiplicidade de interconexões e a impossibilidade de separação, como Katherine Mckittrick nos lembra: 'o que eu sei, de onde eu sei, de quem eu sei e por que eu não poderia possivelmente saber'.”



ENTRE RIOS - a urbanização de São Paulo

 Caio Silva Ferraz, Luana de Abreu e Joana Scarpelini

Um documentário sobre a urbanização de São Paulo, com um enfoque geográfico-histórico, permeando também questões sobre meio ambiente e política. Entre Rios fala sobre o processo de transformação sofrido pelos cursos d’água paulistanos e as motivações sociais, políticas e econômicas que orientaram a cidade a se moldar como se eles não existissem. A boa notícia é que a cidade, assim como os rios, está em constante transformação e pode tomar novos rumos dependendo dos valores e anseios de sua sociedade.

O video foi realizado em 2009 como trabalho de conclusão de Caio Silva Ferraz, Luana de Abreu e Joana Scarpelini no curso em Bacharelado em Audiovisual no SENAC-SP. Assista ou faça download do documentário em HD no link.

CRÉDITOS
Direção: Caio Silva Ferraz
Produção: Joana Scarpelini
Edição: Luana de Abreu
Animações: Lucas Barreto, Peter Pires Kogl, Heitor Missias, Luis Augusto Corrêa, Gabriel Manussakis Heloísa e Kato Luana Abreu
Camera: Paulo Plá Robert Nakabayashi, Tomas Viana Gabriel Correia, Danilo Mantovani e Marcos Bruvic
Trilha Sonora: Andrei Moyssiadis Aécio de Souza Mauricio de Oliveira, Luiz Romero Lacerda, Fulvio Roxo e Paulo Pla
Locução: Caio Silva Ferraz
Edição de Som: Aécio de Souza
Correção de Cor: Alexandre Cristófaro
Orientadores: Nanci Barbosa e Flavio Brito
Orientador de Pesquisa: Helena Werneck
Entrevistados: Alexandre Delijaicov, Antônio Cláudio Moreira Lima e Moreira, Nestor Goulart Reis Filho, Odette Seabra, Marco Antonio, Sávio Mario, Thadeu Leme de Barros e José Soares da Silva



As águas que brotam do Cerrado

 Altair Sales Barbosa (presidente do IAS)

O Instituto Altair Sales (IAS), associação civil de caráter educacional, cultural e de promoção da sustentabilidade ambiental, social e econômica do cerrado brasileiro, elaborou e produziu o documentário 'As Águas que Brotam do Cerrado'.

O vídeo mostra de maneira didática e ilustrativa a engrenagem que o Cerrado promove para distribuir as águas subterrâneas para as grandes bacias hidrográficas do Brasil.



Rios urbanos

 Ricardo Gomes e Instituto Mar Urbano

Produzido com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o documentário "Rios Urbanos" aborda a complexa interação entre as pessoas, as cidades, os rios e os oceanos.

O filme captura a impressionante - e frágil - biodiversidade dos ecosistemas aquáticos, e mostra que todas as pessoas devem agir imediatamente pela preservação dos rios e oceanos.

O documentário foi gravado em Portugal, mostrando o cotidiano de cidadãos que vivenciam diretamente a interação dos rios Tejo e Sado com a vida econômica, social e cultural das cidades. O filme destaca a rica e delicada biodiversidade aquática tão próxima a centros urbanos.

Produzido e dirigido pelo biólogo marinho brasileiro Ricardo Gomes, do Instituto Mar Urbano, no Rio de Janeiro, o filme contou com o apoio do PNUD e da organização de defesa dos oceanos Ocean Pact.

'Rios Urbanos' foi apresentado em duas Conferências Internacionais da ONU: - Conferência da ONU sobre a Água, entre 22 e 24 de março de 2023. - Segunda Conferência da ONU sobre os Oceanos, entre 27 de junho e 1 de julho de 2022 em Lisboa, Portugal.

A produção foi inspirada pelo premiado filme 'Baía Urbana', também dirigido por Ricardo Gomes, e apresentado durante a Primeira Conferência da ONU sobre os Oceanos, que aconteceu em junho de 2017 na sede das Nações Unidas em Nova Iorque.

Os filmes abordam a interdependência e a sinergia entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), incluIndo: - ODS 6: Água potável e saneamento - ODS 11: Cidades e comunidades sustentáveis - ODS 12: Consumo e produção sustentáveis - ODS 13: Ação contra a mudança global do clima - ODS 14: Vida na água - ODS 15: Vida terrestre

© Rios Urbanos, 2023 - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Instituto Mar Urbano, e Ocean Pact. Direção: Ricardo Gomes, Instituto Mar Urbano.



Por que o Cerrado é a tampa da caixa d'água

 Rede Araticum, Semeia Cerrado e Marina Guimarães Freitas

O Cerrado ganhou esse apelido de "tampa da caixa d'água" por ser uma região de nascentes de 8 bacias hidrográficas dentre as 12 que existem no país. Além de sua importância no abastecimento de aquíferos. Suas RAÍZES profundas e ramificadas são a principal razão disso. Uma diversidade de capins, arbustos, palmeiras e árvores nativas! O Cerrado tem também duas estações bem definidas e a paisagem muda completamente. É uma verdadeira floresta de cabeça para baixo. O emaranhado de raízes funciona como uma esponja, carregando água para o subsolo durante o período chuvoso. Do lençol freático, a água passa para os aquíferos e abastece as bacias hidrográficas. É mesmo o berço das águas. O desmatamento no Cerrado, incêndios e a substituição de sua vegetação nativa por plantas exóticas colocam em risco toda a sua biodiversidade e o abastecimento de água no país.

Por isso é tão importante monitorar, conservar e restaurar o Cerrado.



Caixa D’Água do Brasil - Ações para salvar nossas águas

 TV Cultura e a CenaUm

A minissérie Nascentes da Caixa D´Água é uma colaboração entre a TV Cultura e a CenaUm, e mostra como o bioma do Cerrado é o berço das águas do Brasil.

É onde brotam as primeiras águas que se reúnem e formam grandes rios, abastecendo milhões de pessoas e assegurando a vida em grande parte do continente.

Caixa D’Água do Brasil pretende alertar que a ocupação humana desordenada e a exploração econômica mal conduzida ameaçam essa mágica rede de águas.

No último episódio, mostramos que ainda dá tempo de evitarmos o mal maior. Existe uma série de ações coletivas ou individuais que tentam preservar as nascentes, reduzir o assoreamento dos rios, e lutam para manter essa mágica estrutura que a natureza nos proporciona para possibilitar a vida no continente.

Por isso é tão importante monitorar, conservar e restaurar o Cerrado.



Uma história natural das cidades.

 Pedro Paulo Pimenta

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Atlas da biodiversidade de Barcelona

É um mapeamento, produzido pela prefeitura de Barcelona, de elementos naturais da cidade. O atlas reforça a importância dos verdes urbanos para a qualidade de vida da cidade, sobretudo em tempos de mudanças climáticas. Pelo site o cidadão pode conhecer, de maneira independente ou articulada,as diferentes espécies de árvores, plantas, pássaros, borboletas, peixes e animais vertebrados.



Moving Ecologies – Pavilhão do Chile na Bienal de arquitetura de 2023

No Parque Quinta Normal de Santiago do Chile, no século XIX, a arquitetura e a ciência permitiram vislumbrar o futuro de um país que entrava na modernidade. Hoje, os desafios não são de progresso e produção, mas de reparação ecológica e restauração de cidades e paisagens. Assim, o futuro será projetado e semeado, construído e cultivado, feito de arquitetura e sementes, cidades e ecologias. O futuro será criado a partir das ciências e da arquitetura paisagística, e em um sistema onde as espécies possam viajar dentro de ecologias em movimento, operando a partir das ruínas de uma vida capitalista, reparando os danos que causamos. Nesse sentido, o objetivo desta exposição é imaginar o inventário, a coleção e o armário das espécies que irão preparar esses mundos por vir.
Este futuro não se propõe como uma utopia ou um Éden, não se espera que seja o resultado de uma linha de progresso, desenvolvimento ou evolução; em vez disso, tomará a forma de um campo: um campo feito de contingências, experiências e situações. Assim, a partir do inventário de espécies endêmicas e nativas chilenas mantidas no Banco de Sementes da cidade de Vicuña, este germe do futuro é apresentado através de uma coleção de 250 esferas cheias de sementes – a maioria com baixa ou nenhuma capacidade germinativa – que contam histórias de esperança e cuidado. Essas sementes estão sendo utilizadas por arquitetos chilenos para enfrentar os principais desafios arquitetônicos e urbanísticos do futuro. Em particular, eles estão usando espécies que (1) colonizam solos altamente degradados, (2) restauram ecossistemas pós-desastres naturais e (5) paisagens devastadas por incêndios antrópicos. Isso fala de um futuro onde o território se torna um laboratório, um verdadeiro agenciamento cosmopolítico no qual agentes humanos e não humanos podem reconstruir as relações entre arquitetura e vida.



Atlas do Chão

O Atlas do Chão é uma plataforma aberta e colaborativa de pesquisa e experimentação cartográfica-historiográfica. Aqui você pode criar constelações a partir de relações entre pontos já mapeados. Após preencher todos os campos solicitados, você receberá um link para visualizar sua constelação, que poderá ser compartilhada com quem você quiser. Sua constelação será também visualizada pela organização do Atlas que, mediante análise, poderá incorporá-la ao projeto.



LA ESCUELA__

LA ESCUELA__ é uma plataforma conduzida por artistas e arquitetos para o aprendizado radical em espaços públicos. Eles entendem a arte como uma forma de produção de conhecimento e a educação como uma prática artística em si. Buscam aproximar a arte e educação à realidade social de lugares específicos associando-se com universidades, instituições e comunidades para a criação de projetos formativos na América Latina.